Fechando a caixinha surpresa...

Categorias , Postado por Maria Livia às 7/17/2011
Depois de uma semana sem muitos altos e baixos, ontem a tristeza veio com tudo. Comecei o dia até que bem, cheia de atividades, mas aos poucos, fui ficando bem triste. Não sei dizer exatamente o que desencadeou isso, nem se precisa existir uma razão...
O fato é que ontem passei na casa de uma das poucas amigas que sabem do meu tto. Lá pelas tantas, no meio da conversa, ela me fala: "Comigo foi tão diferente, eu nem estava querendo engravidar, e foi tão rápido, nossa, muito rápido". Hein?!!! Como assim? A gente vai querendo colo e...Bom, fiquei sem reação, não falei nada e acho que os músculos da minha face congelaram, não consegui ter expressão nenhuma. Depois ela complementou falando que, por causa disso, acabou vivendo outros problemas. Não sei se falou isso pq percebeu o fora que tinha dado ou se estava querendo me mostrar que as vidas são diferentes, uns vivem algo com mais facilidade e tem dificuldades em outro aspecto. Mesmo assim, né? Eu não precisava ouvir isso.
Aliás, não é a primeira vez que ouço dessas. Há uns 2 meses, encontrei uma amiga de séculos e ficamos horas pondo a conversa em dia. Acabei contando sobre o tto, afinal, ela já havia sido minha confidente em tantas situações. Mas não é que de repente, ela solta: "Nossa, e eu tenho uma fertilidade!".
Nessa horas, lembro de uma conversa que tive com minha terapeuta. Eu disse que o que mais me deixava mal era as mulheres me achando uma coitada, sentindo pena de mim. Ela me respondeu: "Vou te contar uma coisa: as mulheres não sentem pena. Na verdade, elas estão pensando 'Ainda bem que é com ela, e não comigo' ". Então caiu minha ficha e percebi que era exatamente isto que me fazia (ou melhor, faz) mal, as mulheres se sentindo superiores, pq não passaram por este problema. Pq quando uma amiga realmente se compadece da minha dor e diz 'Sinto muito' e vc percebe que é de coração, isso não incomoda.
O que tb ajudou a tristeza a chegar foi que, com meu marido estudando, fico muito sozinha. Durante a semana, fui para o trabalho, me distraí. Ontem fiz várias coisas, mas percebo que fico tentando preencher meu dia para não prestar atenção no vazio que a falta do meu baby e do meu marido me faz. Seria muito melhor se ele estivesse vivendo outra fase. Se ele já estivesse estabilizado e pudesse curtir os dias comigo. Isso tudo está me fazendo sentir muita solidão. Sei que não há muito o que fazer nesse sentido. Conversei com ele e expus a falta que sinto de ficar com ele e que aquilo não era cobrança, pois eu entendo que o momento é outro. Às vezes, simplesmente cansa ser muito compreensiva, pois em alguns momentos os sentimentos falam mais alto que o racional.
Falei tb pro meu marido que meu desejo de ser mãe parece com aqueles palhacinhos que vem com uma mola numa caixinha. Qd começamos o tto, parece que a caixa se abre e o desejo da maternidade vem com tudo. Depois, com o negativo, precisamos recolher o palhacinho de volta na caixinha, ir fazendo força, apertando até que ele caiba novamente e consigamos fechar a tampa para guardar em algum armário. Lá ele ficará até que venha outro tto e a tampa seja aberta novamente. Estou na fase de fechar a tampinha de novo, espero conseguir em breve.
Hj estou melhor. Vou passar o dia com ele, vamos ao mercado, ao restaurante japa e ao teatro ver Há dois mil anos. Acho que vai ser um dia melhor.
A consulta com o Fernandíssimo foi antecipada. Será amanhã. Vamos ver o que ele vai falar. Depois eu conto!

7 comentários:

Anelise Ribeiro Veiga on 7/17/2011 disse... [Responder Comentário]

Amiga, é difícil esse momento. Mas a gente vai simplesmente levando, né? Quando precisar de um ombro saiba que pode contar comigo, 24h de assistência, é só ligar, mandar pombo correio ou sinal de fumaça. Se cuide!
beijos

Queli on 7/17/2011 disse... [Responder Comentário]

hunnn, muito dificil saber o q falar e é por isso q algumas pessoas acabam falando o q não devem.

Anônimo disse... [Responder Comentário]

Olá, tudo bem? Cheguei aqui fazendo uma epsquisa no google sobre "punção de óvulos".
Eu também estou tentando engravidar por FIV. E entendo muito bem tudo que você escreveu. Por isso tudo que eu e meu marido decidimos não contar para ninguém. Somente minha terapeuta sabe. Quando estou muito angustiada, escrevo no blog, onde várias pessoas vão e dão apoio. embora eu as não conheça, sinto que lá posso desabafar.
É a melhor maneira de não ficar com tudo guardado pra si.
O que precisamos e não eprder as esperanças. Seguir em frente.
Estou indo apra minha terceira tentativa. E quero muito que dê certo! E com você também vai dar! Pense positivo! Beijos!

Dali on 8/15/2011 disse... [Responder Comentário]

Oi Maria Lívia,

Já tinha lido esse seu post, mas estava aqui e acabei chegando nele de novo... Vc descreveu certinho o sentimento dos tratamentos x o palhaço na caixa e a sensação que dá ao ouvirmos essas coisas... E quantas coisas ouvimos! Durante os tratamentos, após eles ou quando encontramos pessoas que nao param de perguntar porque ainda nao tivemos filhos, o que estamos esperando, se queremos ser avos dos nossos filhos.... (Ate isso já ouvi! Incrível, não?)
Complicado demais...
(desculpe pelos acentos, teclado complicado demais)

Mônica on 9/21/2011 disse... [Responder Comentário]

Oi Maria Lívia...

Quase chorei com seu post porque é exatamente o que eu sinto no meu dia a dia. Eu trabalho em uma escola como professora e com professoras vc deve imaginar o que não ouço das "colegas" de trabalho... Quando eu cheguei na escola fui ingenua e pensei que ao dividir minha dor com os outros teria respaldo e consolo, ledo engano... Toda vez que alguém engravida grandes línguas circulam pela escola afora dizendo que eu sou invejosa e coisa do gênero... muito triste tudo isso...

Mas acredito que existe um Deus no céu que tudo vê...

bjus

Maria Livia on 9/21/2011 disse... [Responder Comentário]

Monica, li suas msg, mas não sei como te responder. Vc tem e-mail?
A gente se abre e se entrega pensando em encontrar colo, mas não é bem assim que as coisas funcionam, infelizmente. Aqui na internet encontrei pessoas que realmente me entendem, pois dividem a mesma dor.
Um bjo gde e boa sorte!

Raquel Santos disse... [Responder Comentário]

Oi Lívia, tudo bem!? Parabéns pela Maísa!! Deve ser maravilhoso ser mãe! Encontrei seu blog hoje, porque estou planejando o baby chá da minha cunhada, esposa do meu irmão, ela vai ter gêmeos!!! Um casal!! Não é o máximo!? Eu me casei em fev. de 2011, mas já namorava há séculos! rs.. desde então tentamos engravidar, todo mês comprava o teste de farmácia e sempre negativo. Mas hoje já sabemos que o problema é a precária mobilidade dos espermatozóides do meu marido. Apesar de eu ter poucos óvulos, a médica me disse que eu tenho 90% de chance! Vamos precisar de uma inseminação artificial. Bom, depois desse diagnóstico fiquei meio borocoxó e resolvi voltar aos estudos e me preparar para o mestrado, além de reformar nossa casa. Estou muito confusa, sabia!? Sei lá, às vezes fico achando que Deus não me acha a mãe ideal, mas logo em seguida peço perdão porque tenho consciência que estou pensando bobagem! Já tenho 35 anos e sei que preciso me decidir, o tempo urge né!? Mas estou muito confusa mesmo: não sei se isso tem a ver com se realmente eu quero ser mãe ou fiquei deprê porque não engravido naturalmente! O que você acha? Obrigada.. bjos, meu email: raquel.sm@uol.com.br

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